A teimosia dos fatos
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A teimosia dos fatos
LUCIANO DOS ANJOS
César Lombroso é, sem favor, um dos maiores gênios do mundo. Impossível relacionar toda a imensa contribuição que deu à ciência, especialmente no campo da Frenologia, da Antropologia Criminal, da Psicologia e da Sociologia. Após sua morte, tributou-lhe a Humanidade inteira as maiores homenagens, tendo sido comparado a Darwin, Spencer, Pasteur, Charcot e Virchow. A Real Academia de Medicina da Itália até hoje concede um prêmio internacional chamado Prêmio Lombroso», em memória ao gigante de quem o médico brasileiro Leonídio Ribeiro diria: «Sua obra é patrimônio da ciência universal e sua vida ficará como exemplo de amor e dedicação à Humanidade».
Um belo dia o conde Chiaia pediu a Lombroso que examinasse, com a sua autoridade de cientista, os fenômenos espíritas, a fim de que «desmascarasse o embuste». Lombroso fêz algumas exigências e aceitou. Afirmaria mais tarde: «Quando vi, à plena luz, uma mesa levantar-se e uma pequena trombeta voar como uma flecha da cama à mesa e desta à cama, meu cepticismo recebeu um choque». E, afinal, quando muitos esperavam o desmascaramento do Espiritismo, César Lombroso viria a público para corajosamente sentenciar:
«Estou muito envergonhado e desgostoso por haver combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espíritas. Os fatos existem, e eu deles me orgulho de ser escravo». «Se houve um indivíduo, por educação científica, contrário ao Espiritismo, este indivíduo fui eu, eu que escarneci por tantos anos e que havia consagrado a vida à tese que diz ser toda força uma propriedade da matéria e a alma uma emanação do cérebro! Mas, se sempre tive grande paixão pela minha bandeira científica, encontrei outra ainda mais fervorosa: a adoração da verdade, a constatação do fato.»
E depois dessas conclusões, divulgadas pelo mundo todo, dogmáticos e sectários «enterraram» Lombroso ...
Outro sábio não menos famoso foi William Crookes, autor dum tratado clássico de análises quimicas, de numerosas pesquisas em Astronomia, principalmente sobre fotografia celeste. Foi ele o descobridor do «thallium», após importantes trabalhos sobre a análise espectral. Foi o descobridor do quarto estado da matéria, prêmio Nóbel de Física, membro da Sociedade Real de Londres, enfim, um cientista de primeira magnitude!
Eis que o notável químico anuncia que iria ocupar-se dos chamados fenômenos espíritas. Proclamaram então de público os inveterados cépticos: «Enfim! vamos pois saber como havemos de pensar!» E, de fato, Crookes inicia as mais complexas pesquisas a que os fenômenos já foram submetidos até hoje. Chegou a criar instrumentos especiais para seus trabalhos, não esquecendo de fazer passar pelos médiuns uma corrente elétrica a fim de registrar seus movimentos! Depois de quatro longos anos de experiências, em meio a grande expectativa do mundo, publicou afinal as suas conclusões: «Os diversos fenômenos que venho atestar são tão extraordinários e tão completamente opostos aos mais enraizados pontos do credo científico que mesmo agora, recordando-me dos detalhes de que fui testemunha, há antagonismo na minha razão, que diz ser isso impossível, e o testemunho de meus dois sentidos da vista e do tato, que me dizem não serem testemunhos mentirosos. Supor que uma espécie de loucura ou de ilusão vem dominar subitamente um grupo de pessoas inteligentes e sensatas, parece mais incrível do que os próprios fatos que atestam».
«O Espiritismo está cientificamente demonstrado.»
E, respondendo a seus antagonistas, Crookes replicaria lacônica mas esmagadoramente:
Eu não disse que esses fenômenos ERAM possíveis; o que disse e afirmo é que
SÃO VERDADEIROS.>>
Aí então «enterraram» o sábio e espalharam que ele estava gagá ...
Eis que agora vemos surgir um novo cientista que recomeçou todas as experiências, partindo do mesmo zero científico e palmilhando os mesmos caminhos frios e imparciais de seus antecessores. Falo do professor-catedrático Joseph Banks Rhine, que rotulou os fenômenos supranormais de Parapsicologia e começou a passá-los um após outro pelo rigoroso crivo do exame científico. Respiraram novamente os cépticos e os eternos negativistas. Novamente anteviram a morte do Espiritismo, já que «a parapsicologia explica tudo muito bem, sem precisar apelar para a alma dos defuntos» ... Nas suas primeiras publicações Rhine ensejou à crítica uma cascata delirante de raciocínios contra todas as teses espíritas. O materialismo cantava mais uma vez a glória da sua suprema ascensão! Mas, de repente, o panorama começou a mudar. Já no seu livro «New World of the Mind» Rhine viria a censurar o materialismo cego e a admitir «uma realidade que domina o Universo em toda a sua importância e não há outro recurso senão chamar a essa realidade espírito humano». O. famoso cientista prosseguiu pacientemente em suas pesquisas, embora ouvindo candentes críticas. E daria o golpe de misericórdia nos tolos negadores de tudo, ao editar «The Reach of the Mind»: «Muitos fatos não parecem explicáveis senão por um agente desencarnado. A intenção manifesta através do efeito provocado é tão própria duma pessoa defunta que não saberíamos razoàvelmente atribuir-lhe outra origem.» «Casos dessa natureza fazem pensar num agente pessoal dum gênero que não pertence verossimilhantemente a nenhum indivíduo vivo.» Em «Parapsychology-Frontier Science of the Mind», Rhine robusteceria suas conclusões. E, para complementá-las, passou a chamar «theta» ao estudo específico do fenômeno da sobrevivência e da reencarnação. Ora, é de se esperar que Rhine ponha as barbas de molho, pois já lhe devem estar pelo menos tirando a medida do caixão ... (Do Diário de Notícias" de 28-1-68.) Transcrito em o “REFORMADOR” DE ABRIL DE 1968
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